terça-feira, 19 de agosto de 2014

GAMPOPA





Gampopa

O precioso ornamento da Liberação

Homenagem Preliminar

ʺHomenagem ao nobre Manjusri, o jovem príncipeʺ

Rendo homenagem aos Vitoriosos e seus filhos, do Santo Dharma e do lama,

que é a fonte deles. Com base na bondade do senhor Milarepa, para meu bem e dos

outros, escrevi este Precioso Dharma, semelhantes à jóia que realiza os desejos.

Introdução

De maneira geral, todos os fenômenos estão no samsara ou no nirvana.

A natureza do samsara é vacuidade, sua manifestação é ilusão e sua característica é o surgimento do sofrimento.

A natureza do nirvana é vacuidade, sua manifestação é o esgotamento e o desaparecimento de toda ilusão e sua característica é a liberação do sofrimento.

Quem está iludido no samsara?

Os seres sencientes das três esferas da existência.

Sobre que base a ilusão se desenvolve?

Sobre a base da vacuidade.

Qual é a causa da ilusão?

A grande ignorância.

Quais são as modalidades dessa ilusão?

A ilusão toma a forma de seis reinos, os quais os seres experimentam como realidade objetiva.

O que seria um exemplo de ilusão?

O sonho durante o sono.

Desde quando existe a ilusão?

Desde que existe um samsara sem começo.

Que há de errado com essa ilusão?

A ilusão é a experiência do sofrimento.

Quando a ilusão se transformará em consciência última?

Quando o despertar for atingido.

Podese pensar que a ilusão se dissipará por ela mesma?

Não, porque o samsara não tem fim.

Você pensa que as ilusões se pacificam por si mesmas? Este samsara de natureza ilusória é reputado por ser ilimitado, ter a dimensão de um grande sofrimento e longa duração e não se liberar por si mesmo. Consequentemente, a partir de agora esforcese em obter o Insuperável Despertar.

 

 

Apresentação das seis partes da obra

O resumo diz:

O que exatamente é preciso para alcançar o Despertar?

A resposta é dada no resumo seguinte: ʺPotencialidade, suporte, condição, meios, resultado e atividade: os seis pontos conhecidos por todas as pessoas inteligentes resumem insuperável Despertar.ʺ

Devemos, pois, conhecer:

I A potencialidade do insuperável Despertar.

II A pessoa que é o suporte de sua realização.

III A condição que o incita a realizálo.

IV Os meios que o permitem.

V Os frutos desta realização.

VI A atividade que disto decorre.

Esses seis pontos serão expostos sucessivamente.

* * *

O resumo diz:

I A potencialidade do Despertar é a natureza de Buda

II O suporte é a preciosa existência humana.

III A condição é o amigo virtuoso.

IV Os meios são as instruções dele.

V O fruto é o corpo perfeito do Buda.

VI A atividade se exerce espontaneamente para o bem de

todos os seres.

Esta obra, em vinte e um capítulos, trata do desenvolvimento desses seis pontos.

 

 

 

Parte I

Capítulo 1

 

Gampopa

O Precioso Ornamento da Liberação

Parte I

Capítulo 1

A causa primeira do Despertar : A natureza de Buda

Todos os seres podem alcançar o Despertar insuperável, pois eles possuem a causa primeira:

A natureza de Buda. – Citação de textos

I Porque o Corpo absoluto, a vacuidade, impregna todos os seres.

II Porque no real, a assindade não tem distinções.

III Porque todos os seres têm o potencial do despertar.

1] O potencial interrompido

1_Eles estão apegados ao samsara

2_Não têm fé

3_Não têm consideração pelos outros

4_Não têm vergonha de si mesmos

5_Não têm compaixão

6_Abandonamse aos atos negativos

2] O potencial incerto

Entrando na familia do mestre ou dos textos que eles seguem

3] O potencial dos ouvintes

1_Temem o samsara

2_Crêem no nirvana

3_Não se alegram ao fazer o bem aos outros

4] O potencial dos Budasparasi

4_Além dos precedentes, eles têm um grande orgulho

5_Guardam segredo sobre seu mestre

6_Amam ficar na solidão

Características dos estados alcançados pelos ouvintes e os Budasparasi

5] O potencial do Grande Veículo

1) Dois aspectos desse potencial

a) Potencial inato

b) Potencial adquirido

2) Sua essência

3) Seus diferentes nomes

4) A razão de sua superioridade

5) Suas duas fases

a) O potencial não desperto

b) O potencial desperto

1_As condições desfavoráveis

2_As condições favoráveis

6) As marcas distintivas do Bodhisattva

De acordo com a sua categoria, os seres estão mais ou menos próximos do despertar

Comparações da presença do potencial de Buda: _A prata _O óleo _A manteiga

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Gampopa

O Precioso Ornamento da Liberação

Parte I

Capítulo 1

A causa primeira do Despertar: A Natureza de Buda

Lemos nos textos que:

ʺA causa primeira é a natureza de Buda”.

Portanto, é necessário libertarse do samsara ilusório e atingir o Despertar insuperável. Mas, perguntaremos, como nós,  mpregando todos os esforços possíveis,poderiam alcançálo?  Atingiríamos o Despertar se nos esforçássemos com fervor, já que todos os seres senscientes, dos quais fazemos parte, possuem a natureza de Buda, que é a própria causa da budeidade.

O Sutra da absorção soberana afirma:

ʺA natureza de Buda está presente em todos os seres.ʺ

E o Pequeno Sutra do nirvana:

ʺTodos os seres possuem a natureza de Buda.ʺ

O Grande Sutra do nirvana diz ainda:

ʺAssim como a manteiga está presente no leite,

A natureza de Buda está em todos os seres.ʺ

E o Ornamento dos sutras:

ʺTodos os seres tem a mesma natureza de Buda,

Aquele que a tem purificada se chama Buda.ʺ

Por quais razões os seres possuem a natureza de Buda?

1] Porque o corpo absoluto, a vacuidade, está em todos os seres;

2] Porque na realidade, a natureza de Buda, não tem distinções;

3] Porque todos os seres têm o potencial do Despertar.

Por essas três razões, os seres têm a natureza de Buda.

Citemos ainda o Continuum insuperável:

ʺPorque o corpo do perfeito Despertar brilha,

Porque a natureza de Buda é indiferenciada,

E porque todos os seres têm o potencial de Buda,

Os seres possuem a natureza de Buda.ʺ

1] Quando dizemos que o corpo absoluto, a vacuidade, está em todos os seres,

queremos dizer que o Buda é o corpo absoluto, que o corpo absoluto é vacuidade, e que a vacuidade está em todos os seres. Por conseqüência, os seres têm a natureza de

Buda.

2] Quando dizemos que, na realidade, a natureza de Buda é indiferenciada, queremos dizer que, entre a natureza de Buda dos Budas e a natureza de Buda dos seres ordinários, não há distinções entre bom e mau, grande ou pequeno, alto e baixo,

conseqüentemente, todos os seres têm a natureza de Buda.

3] Todos os seres têm o potencial do Despertar e pertencem a cinco famílias.

E diferem entre si de acordo com seus potenciais:

1) O potencial interrompido,

2) O potencial incerto,

3) O potencial dos ouvintes,

4) O potencial dos Budasparasi,

5) O potencial do Grande Veículo.

Essas cinco famílias representam todos os potenciais do Despertar.

1) Os seres que possuem o potencial interrompido têm, segundo o grande

Mestre Asanga, seis características:

1_não tem consideração pelos outros,

2_ignoram o sentimento de vergonha de si mesmos,

3_não têm compaixão, etc.

Mas vejamos como Asanga os descreve:

1_Eles percebem os defeitos do samsara, mas não experimentam o menor desaapego;

2_Eles ouvem falar das qualidades dos Budas, mas não sentem a menor fé;

3_Eles ignoram: o consideração com relação aos outros,

4_a vergonha de si mesmos,

5_a compaixão;

6_Eles se entregam sem reservas aos atos negativos, mas não sentem o menor arrependimento.

A budeidade não é atributo daqueles que estão separados da causa.

No Ornamento dos sutras, Asanga diz ainda:

ʺAlguns agem unicamente para prejudicar,

Outros destróem tudo o que é bom,

Outros ainda não têm nenhum dos méritos necessários à liberação:

Aqueles a quem faltam as virtudes, faltalhes a causa.ʺ

Dizendo que aqueles que possuem essas características têm um “potencial interrompido”, queremos dizer que permanecerão durante muito tempo no samsara, mas não que nunca atingirão o Despertar. Esforçandose com diligência, poderão também se tornar Budas.

Como o afirma o Sutra do lótus branco da compaixão:

ʺSuponha, Ananda, que um ser que não está destinado a ultrapassar o sofrimento pense no Buda e lancelhe uma simples flor no céu. E, então, este ser terá adquirido a possibilidade de atingir o fruto do nirvana. A seu respeito, eu digo que ele caminha em direção ao nirvana e acabará atingindoo.ʺ

 

2) Os seres cujo potencial é incerto são dependentes das circunstâncias.

Seguindo, por exemplo, um amigo de bem, freqüentando ouvintes ou lendo seus

sutras, começam a acreditar em sua doutrina, entram, assim, em sua família e atingem

o nível de um ouvinte.

Se as circunstâncias os conduzirem em direção à via dos Budasparasi ou em

direção à via do Grande Veículo, eles seguirão estas duas outras vias.

3) Os seres que têm um potencial de ouvinte temem o samsara, crêem no

nirvana e só têm um pouco de compaixão.

1_Eles temem os sofrimentos do samsara,

2_Eles acreditam firmemente no nirvana,

3_E não se regozijam no bem dos seres;

Eis as três características do potencial dos ouvintes.

4) Aqueles que têm um potencial de Budaparasi possuem as três

características precedentes, mas, além disso, eles são muito seguros de si mesmos,

mantem secreta a identidade de seu mestre e gostam de permanecer sós em lugares

desertos.

Cansados do samsara, eles gostam do Nirvana,

Fraca é sua compaixão, enorme seu orgulho,

Seu mestre é um segredo, eles gostam de permanecer sós:

Neles, o sábio reconhece o potencial dos Budasporsi.

Mesmo quando os seres da família dos ouvintes e dos Budasparasi estão

engajados em sua respectiva via e atingem o seu fruto, esse fruto não é o verdadeiro

nirvana. Então, em que situação se encontram? Ainda estão marcados por uma

propensão à ignorância e possuem um corpo mental adquirido pelo poder de atos não

contaminados. Eles se encontram em estado de concentração profunda, igualmente

não contaminada, e, tomando esse estado por nirvana, ali permanecem.

Mas, podemos pensar que, por não se tratar do verdadeiro nirvana, não seria

lógico que o Buda tivesse ensinado essas duas vias. Mas, de fato, é lógico. Tomemos a

imagem destes comerciantes que partiram para o oceano em busca de pedras preciosas.

Durante a viagem, chegam a uma vasta terra árida onde se exaurem e perdem a

coragem. Pensam, então, que nunca encontrarão o que procuram e apressamse em

reencontrar seu caminho, quando seu capitão indica milagrosamente uma grande

cidade e os convidam a descansarem ali para retomar as forças. O mesmo ocorre com

aqueles que não têm coragem. Quando escutam falar da sabedoria dos Budas, o medo

se lhes apodera e dizem que deve ser muito cansativo atingir a budeidade, que não

serão capazes. Eles não se engajam na via ou, se o fazem, acabam retrocedendo. O

Buda lhes mostra então, a via dos ouvintes e aquela dos Budasparasi, e orientalhes a

repousar nos dois níveis de Despertar nos quais essas vias chegam.

Lemos no Lótus branco do sublime Dharma:

ʺÉ assim que todos os ouvintes

Pensam ter atingido o nirvana,

Mas o Buda lhes diz:

Este não é o nirvana, é um lugar de repouso.ʺ

Uma vez que tenham descansado no nível dos ouvintes e dos Budasparasi, o

Tathagata, que tem conhecimento disso, exortaos a atingir a budeidade.

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Como ele procede? Com seu corpo, sua palavra e sua mente. De seu coração,

emite raios de luz, que pelo simples contato com o corpo mental desses seres,

despertamlhes de sua concentração contaminada. Depois, mostrandolhes a aparência

de seu corpo, e, de sua palavra, ele os exorta nestes termos:

ʺMonges, o que vocês fizeram não basta, vocês não realizaram sua

tarefa; seu nirvana não é o verdadeiro nirvana. Agora, ó monges,

aproximemse do Tathatagata! Escutemno! Realizem!ʺ

Encontramos a mesma exortação em forma de versos no Lótus branco do sublime

Dharma:

ʺTambém, monges, hoje eu declaro:

Que este ainda não é o nirvana.

Para atingir a onisciente sabedoria,

Armemse todos de uma forte coragem

E essa sabedoria será de vocês.ʺ

Com essas palavras, os ouvintes e os Budasparasi produzem pela primeira vez

a mente do grande Despertar. Depois, após terem agido como Bodhisattvas durante

um número incalculável de kalpas, eles atingem a budeidade. O que aparece também

no Sutra da entrada em Lanka.

O Lótus branco do sublime Dharma diz ainda:

ʺEstes ouvintes não atingiram o nirvana,

Mas todos tornarseão Budas

Quando tiverem praticado a conduta dos Bodhisattvas.ʺ

5) Vejamos agora o que caracteriza o potencial do Grande Veículo:

1_As duas categorias do potencial do Grande Veículo

2_A essência desse potencial

3_Seus diferentes nomes

4_As razões de sua superioridade

5_Seus dois aspectos

6_Suas marcas distintivas

1_Os dois aspectos do potencial do Grande Veículo:

Distinguemse:

a) o potencial inato e

b) o potencial adquirido.

a) O potencial inato é a capacidade, que possuímos desde sempre, de fazer

nascer todas as qualidades dos Budas. Somos naturalmente dotados desse potencial.

b) O potencial adquirido é a capacidade de tornarse Buda, que é adquirida

cultivando as fontes de bem.

2_A essência desse potencial:

Esses dois potenciais permitem atingir a budeidade.

3_Seus diferentes nomes

Chamamos às vezes esse potencial de “grão”, “elemento” ou “natureza”.

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4_As razões de sua superioridade

O potencial da família do Grande Veículo é eminentemente superior ao das

demais. Aquele dos ouvintes e dos Budasparasi são chamados “inferiores”, pois, para

realizálos plenamente, basta que suprimam o véu emocional.

O potencial do Grande Veículo é supremo, pois ele atinge sua perfeição quando

os dois véus se dissipam. Por essa razão, ele supera o potencial dos outros veículos.

5_Seus dois aspectos

Esse potencial pode ser:

a) desperto ou

b) não desperto.

a) Ele é desperto quando “seu fruto é perfeitamente atingido”. Seus sinais são,

então, visíveis.

b) Ele não é desperto enquanto “seu fruto não foi perfeitamente atingido”. Seus

sinais, então, não aparecem.

O que provoca o despertar desse potencial? Seu despertar é produzido quando

as condições desfavoráveis estão ausentes e as condições favoráveis, presentes. No

caso contrário, o potencial permanece adormecido.

1As condições desfavoráveis são quatro: 1: renascer num estado sem as

liberdades, 2: não ter as propensões necessárias, 3: dedicarse à atividades negativas e

4 : ter uma mente obscurecida.

2As condições favoráveis são duas: 1 A primeira depende do outro: é

o fato de receber o ensinamento do Dharma. 2 A segunda depende de si: é uma

atitude mental adequada que consiste, entre outras, em aspirar ao bem.

6_Os sinais distintivos do potencial do Grande Veículo são aqueles que indicam

a participação na família dos Bodhisattvas.

Lemos no Sutra dos dez Dharmas:

ʺO potencial dos Bodhisattvas para a mente superior

Reconhecese por seus sinais,

Como o fogo pela fumaça

E a presença da água, pelos patos.ʺ

Quais são os sinais que caracterizam o Bodhisattva? Sem ter aplicado o

remédio, no corpo e na palavra, ele é naturalmente suave; sua mente não conhece a

hipocrisia; e finalmente, ele é bom com os outros seres e tem fé.

Ainda no Sutra dos dez Dharmas:

ʺNem violento nem colérico,

E despido de hipocrisia,

Ele ama todos os seres:

Tal é o Bodhisattva.ʺ

Além disso, a compaixão pelos seres está em cada um de seus atos, ele tem fé no

ensinamento do Grande Veículo, aceita pacientemente as tarefas difíceis e pratica de

maneira autêntica as fontes de bem que provêm das seis virtudes transcendentes.

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Lemos no Ornamento dos sutras:

ʺCompadecerse antes de agir,

Ter fé, ser paciente,

E praticar o bem, de forma autêntica:

Tais são as marcas desse potencial.ʺ

Dentre os cinco potenciais de Buda, aquele dos Bodhisattvas permite atingir a

budeidade em curto prazo. Chamamno de “causa próxima”.

O potencial dos ouvintes e o dos Budasparasi permitem atingir a budeidade

em longo prazo; chamamnos “causas distantes”.

Quanto ao potencial incerto, ele é às vezes causa próxima e às vezes causa

distante.

O termo “potencial interrompido” nos remete simplesmente a uma idéia de

duração; não significa que a budeidade seja impossível, mas constitui uma “causa

extremamente distante”.

De onde se deduz que, já que os seres pertencem a uma ou outra dessas

famílias, eles possuem a natureza de Buda, e que, pelas três razões citadas acima, essa

verdade aplicase a todos.

À que podemos comparar o potencial de Buda? À prata que se encontra no

mineral, ao óleo no grão de sésamo ou a manteiga no leite. De fato, do ser ordinário, é

possível fazer um Buda.

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Parte II

Capítulo 2

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Gampopa

O Precioso Ornamento da Liberação

Parte II : Capítulo 2

O suporte da Iluminação A preciosa existência humana

I Concernem ao corpo: As 8 Liberdades e as 10 Aquisições

A] As 8 Liberdades:

Quatro correspondem aos nãohumanos:

1) Não ter nascido nos infernos

2) Não ter nascido como espírito ávido

3) Não ter nascido como animal

4) Não ser um deus de longa vida

Descrição das dificuldades específicas da cada condição de existência

As vantagens dos pequenos sofrimentos humanos:

a) Eles nos desviam do Samsara b) Diminuem nosso orgulho

c) Fazem desenvolver a compaixão d) Fazem evitar os atos nocivos e praticar a virtude.

Quatro correspondem ao nascimento humano:

5) Não ter nascido entre os homens ignorantes e bárbaros

6) Não ter visões errôneas

7) Não ter nascido em um período sem Buda

8) Ser desprovido da faculdade da compreensão

B] As 10 Aquisições

Cinco por si mesmo:

1) Nascer humano

2) Nascer em um país central

3) Ter todas as faculdades

4) Não ter uma karma contrário (cometido os atos de retribuição imediata)

5) Ter fé no objeto justo (confiança no Dharma)

Cinco pelos outros:

6) A vinda de um Buda ao mundo

7) Que ele tenha ensinado o Dharma

8) Que os Ensinamentos ainda perdurem

9) Que haja pessoas que o pratiquem

10) Que existam pessoas que tenham uma atitude benevolente.

A preciosa existência humana reúne as 8 liberdades e as 10 aquisições.

§ Ela é dita ʺPreciosaʺ porque, tal como a Jóia dos Desejos, ela é:

1] Difícil de obter: (Citação de quatro textos)

a) Um exemplo: A tartaruga marinha

b) Para quem ela é ainda mais difícil de obter: Os seres dos três mundos inferiores.

c) Por que ela é difícil de obter: Resulta da prática da virtude.

2] De um grande benefício: Ela permite realizar o objetivo dos seres qualificados:

Três níveis de qualificações/motivação:

a) Não cair nos estados inferiores e obter novamente um estado humano ou divino.

b) Se liberar do Samsara

c) Obter o estado de Buda para o benefício de todos os seres.

Ela é superior aos estados divinos e mais preciosa do que a jóia que realiza desejos.

§ Obtida a uma grande pena e de um grande benefício: Ela é facilmente destruída

a) Nada regenera seu princípio vital

b) Os fatores de morte são numerosos

c) Ela se esgota momento a momento

§ É por isso que: É necessário considerar o corpo como: Um bote Uma montaria Um servidor

(seguem os 3 tipos de fé)

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Gampopa

O Precioso Ornamento da Liberação

Parte II : Capítulo 2

O suporte da Iluminação A preciosa existência humana

II Concernem à mente: Os 3 tipos de fé

_A importância da fé (citação de 3 sutras)

A ] Classificação: _Existem 3 tipos de Fé

1 ] A Fé da confiança :

Ela se funda e se desenvolve sobre a compreensão do Dharma.

2] A Fé da aspiração:

Fundada sobre uma visão da insuperável Iluminação, ela desenvolve

uma motivação para obtêla através do percurso da Via do Dharma.

3] A Fé vasta:

É uma confiança lúcida que se desenvolve com referência nas Três Jóias.

Citação de um texto para confirmar o que foi exposto.

B ] Outra Definição: ʺ Aquele que têm Fé não abandona o Dharmaʺ:

a) Por desejo

b) Por cólera

c) Por medo

d) Por ignorância

Dedução / definição: Aquele cuja fé tem essas quatro características é um receptáculo excelente

para a realização do supremo atingimento.

C ] Os Benefícios desses diferentes tipos de Fé são imensos:

_Eles fazem desenvolver as qualidades da mente dos seres qualificados superiores.

_Permitem abandonar os estados sem liberdade.

_Tornam nossas faculdades vivas e claras.

_Protegem nossa disciplina.

_Dissipam as paixões.

_Nos livram dos ataques de demônios.

_Fazem descobrir a via da liberação.

_Fazem desenvolver imensas virtudes.

_Fazem ver e obter as bençãos de numerosos Budas.

_Delas surgem inúmeros benefícios.

Exposição sustentada pela citação de dois textos.

Fórmula resumindo a definição do precioso corpo humano:

Então, o que se chama ʺA preciosa existência humanaʺ é aquela cujo corpo é provido dos dois

aspectos, que são as Liberdades e as Aquisições, e cuja mente é provida dos três tipos de Fé. Esta é a

pessoa que é o suporte para realizar a insuperável Iluminação.

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Gampopa

O Precioso Ornamento da Liberação

Parte II

Capítulo 2

O suporte do Despertar: A Preciosa Existência Humana

ʺO suporte é a preciosa e suprema existência humana”.

Considerando que todos os seres possuem a natureza de Buda, podemos nos

perguntar se aqueles que pertencem às cinco outras formas de existência não humana –

os condenados aos infernos, os pretas, etc. – têm a capacidade de tornaremse Budas.

Não, eles não têm. O “suporte” que permite a realização da budeidade é o que

chamamos uma “preciosa existência humana”, ou seja, uma existência provida das oito

liberdades e das dez aquisições, assim como uma mente que possua os três tipos de fé.

É desta preciosa existência humana que trataremos agora. Nosso estudo será sobre

cinco temas: dois relacionados ao corpo e três relacionados à mente:

1] As 8 liberdades

2] As 10 aquisições

3] A fé da convicção

4] A fé da aspiração

5] A fé vasta

* * *

1] As 8 Liberdades:

Ser “livre” é estar livre das oito servidões que o Sutra da Fixação da Atenção

descreve da seguinte maneira:

ʺTer nascido nos infernos, preta, animal,

Bárbaro, deus de longa vida,

Em uma era sem Buda, tomado por falsas idéias,

Ou idiota: eis as oito servidões.ʺ

De que modo estes oito estados são servidões? Os seres dos infernos sofrem

sem interrupção, os pretas têm a mente atormentada e os animais têm como marca

maior uma extrema estupidez. Além disso, como os seres desses três mundos não

sentem nenhuma vergonha nem consideração, seu continuum psíquico é impróprio ao

bem. Portanto, não têm oportunidade de praticar o Dharma.

Quanto aos deuses de longa vida, não mais possuem percepções. O continuum

de sua consciência e todas as suas produções mentais, estando interrompidas, não têm

nenhuma oportunidade de praticar o Dharma. O termo “deuses de longa vida” pode

também designar os deuses do mundo do Desejo, porque, em comparação aos homens,

esses deuses vivem um tempo muito longo.

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Podemos igualmente considerar que todos os deuses são em seu conjunto

privados de liberdade: são tão apegados à sua felicidade temporária que não têm a

possibilidade de se dedicarem ao bem verdadeiro. Vemos, então, que os pequenos

sofrimentos humanos que nos afetam no momento não deixam de ter certas utilidades.

Eles nos fazem ficar cansados do samsara, pacificam nosso orgulho, fazem com que

sejamos compassivos com os outros, atenuam os atos negativos e fazemnos apreciar o

bem.

Como o diz a Marcha em Direção ao Despertar:

ʺAlém disso, os sofrimentos têm por virtude

Cansarnos, expulsar nosso orgulho,

Fazernos ter compaixão pelos outros seres do samsara,

Preservarnos dos maus atos e fazernos amar o bem.ʺ

Assim, falamos de quatro mundos de existência privados de liberdade.

Ademais, entre os seres humanos, são privados de liberdade aqueles que chamamos de

“bárbaros”, porque têm poucas chances de encontrar seres sublimes; aqueles que

mantêm crenças errôneas, porque não vêem no bem a causa dos mundos superiores e

da liberação; aqueles que nasceram em um mundo sem Buda, porque não têm

ninguém para ensinarlhes o que convém praticar e o que não se deve fazer; os idiotas,

porque são incapazes de compreender por si mesmos os ensinamentos que mostram

onde está o bem e onde está o mal.

Não estar sujeito a nenhuma dessas oito servidões constitui o que chamamos as

“liberdades perfeitas”.

2] As 10 Aquisições

Distinguimos: 1) Cinco aquisições que dependem de si

2) Cinco aquisições que dependem do outro.

1) As cinco aquisições que dependem de si :

1) Ser um humano,

2) Ter nascido num país central,

3) Ter todas as suas faculdades,

4) Não ter karma contrário,

5) Ter fé no objeto justo.

1) Ser “humano” é compartilhar a condição de todos os seres humanos, homens

e mulheres.

2) Ter “nascido num país central” é ter nascido em um lugar onde há a

possibilidade de seguir seres sublimes.

3) Possuir “todas as suas faculdades” é não ter deficiências de nenhum dos seis

sentidos, portanto, poder praticar o virtuoso Dharma.

4) Não ter um “karma contrário” é não ter cometido nesta vida um dos atos de

retribuição imediata.

5) Ter “fé no objeto justo” é ter fé em todos os virtuposos Ensinamentos,

disciplina e o snnto Dharma ensinado pelo Buda.

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2) As cinco aquisições que dependem do outro:

1) A vinda de um Buda ao mundo,

2) Que ele tenha ensinado o Dharma,

3) Que esse Dharma ainda exista,

4) Que ele seja praticado,

5) Que existam seres plenos de amor pelos outros.

Gozar das dez aquisições que dependem de si e dos outros é o que chamamos

“possuir as aquisições perfeitas”.

A preciosa existência humana é a que reune esssas liberdades e aquisições.

Por que “preciosa”?

Porque: 1) é difícil de ser obtida e

2) é de uma grande utilidade, ela é comparável à preciosa jóia

mágica.

1) No que se refere à dificuldade de ser obtida, lemos no Pitaka dos Bodhisattvas:

ʺÉ difícil tornarse um ser humano;

É igualmente difícil obter uma simples vida humana;

É difícil receber o Dharma,

E é igualmente difícil que apareça um Buda.ʺ

E ainda, no Sutra do Lótus Branco da Compaixão:

ʺDifícil é o nascimento humano, difíceis de serem obtidas as liberdades

perfeitas,

Difícil a vinda de um Buda ao mundo,

Difícil a aspiração ao bem e difíceis de serem obtidas as orações puras.ʺ

No sublime Sutra em Forma de Árvore:

ʺÉ difícil escapar às oito servidões, difícil renascer como homem, difícil

gozar das oito verdadeiras liberdades perfeitas, difícil que um Buda

apareça, difícil possuir todas as faculdades, difícil escutar o ensinamento

de um Buda, difícil encontrarse em companhia de seres sublimes, difícil

encontrar mestres espirituais autênticos, difícil praticar o caminho de

maneira autêntica e conforme aos ensinamentos, difícil viver de maneira

correta, e difícil, neste mundo humano, praticar conscienciosamente o

que é conforme ao Dharma.ʺ

A Marcha em Direção ao Despertar diz também:

ʺEstas liberdades e estas aquisições são extremamente difíceis de sem

obtidas.ʺ

Qual imagem poderia ilustrar a dificuldade de obter tal existência humana?

Para que tipo de ser há esta dificuldade de encontrar?

E que tipo de dificuldade é esta?

Daí os exemplos:

A Marcha em Direção ao Despertar responde:

ʺAssim, diz o Buda, é tão difícil tornarse um homem quanto uma

tartaruga passar sua cabeça por uma argola que esteja boiando nas

ondas do imenso oceano.ʺ

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Qual é a origem desta comparação? Ela está no próprio Buda:

ʺSuponha que esta terra se transforme totalmente em água e que uma

argola seja jogada nela e bóie ao sabor dos ventos em todas as direções.

Imagine ainda que uma tartaruga cega, que tenha vivido milhares de

anos, suba a superfície uma vez a cada cem anos. Apesar de ser muito

difícil que essa tartaruga consiga passar sua cabeça pela argola, ainda

assim, isso é possível. Ter uma preciosa existência humana é ainda mais

difícil do que isso.ʺ

Para quem esta existência humana é tão difícil de ser obtida? Para os seres dos

três mundos inferiores?

Por que uma existência dotada das liberdades e das aquisições é difícil de ser

obtida? Porque resulta da acumulação de atos virtuosos. Quando se nasce nos três

mundos inferiores, sem saber como praticar a virtude, passa todo o tempo somente

acumulando atos negativos. Em conseqüência, para obter uma preciosa existência

humana após ter renascido nos mundo inferiores, é preciso ter um karma em que a

parte dos atos negativos não seja dominante e dê seus frutos mais tarde, ao longo de

outras vidas.

2) Uma existência humana rica e livre é de grande benefício.

Diz a Marcha em Direção ao Despertar:

ʺEla permite ao ser humano atingir seu objetivo.ʺ

“Ser humano” é a tradução do sânscrito purusha, que traduz uma idéia de

força, de capacidade. Empregase esse termo porque uma existência livre e rica dá

força, ou oferece a capacidade, de alcançar as formas de vida superiores, bem como o

bem último.

Na medida em que essa capacidade seja grande, média ou fraca, distinguimos

três tipos de seres humanos.

A Tocha do Caminho do Despertar declara:

ʺSaiba que existem três gêneros de homens:

Os medíocres, os médios e os superiores.ʺ

Os seres humanos medíocres têm a capacidade de não cair nos mundos

inferiores e de atingir a condição de homem ou de deus.

ʺO ser humano que, da maneira que for,

Procura, para seu bem pessoal,

A simples felicidade do samsara,

É qualificado de medíocre.ʺ

Os seres humanos médios têm a capacidade de liberar a si mesmo do samsara e

de obter, assim, um estado de felicidade e de paz.

ʺO ser humano que, dando as costas à felicidade do viraser,

E guardandose dos atos negativos,

Busca a paz apenas para si mesmo,

É qualificado de médio.ʺ

Os seres humanos superiores têm a capacidade de tornarse Buda para bem de

todos os seres.

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ʺAlguém que, sentindo seu próprio sofrimento,

Deseje intensamente pôr fim

A todos os sofrimentos dos outros,

É o melhor dos seres humanos.ʺ

Para mostrar até que ponto a preciosa existência humana é benéfica, mestre

Chandragomin declara:

ʺQuando um ser humano, tendo obtido a existência humana, semeia

méritos,

Esses grãos da liberação do oceano dos renascimentos e do Despertar

supremo,

Suas virtudes ultrapassam de longe às da jóia mágica.

Quem pode destruir o fruto que ele colherá?

O caminho tomado pelo homem de grande coragem

Não está ao alcance dos deuses, dos nagas, dos semideuses,

Dos garudas, dos vidyadharas, dos kinnaras, nem dos uragas.ʺ

Uma existência humana dotada das liberdades e das riquezas permite renunciar

ao mal, fazer o bem, atravessar o oceano do samsara, progredir em direção ao

Despertar e atingir a budeidade perfeita. Ela é, portanto, muito superior à existência

dos deuses, dos nagas, e assim por diante. Ela é mesmo superior à preciosa jóia mágica.

Como é difícil de ser obtida e proporciona grandes benefícios, é qualificada de

“preciosa”.

Todavia, embora difícil de ser obtida e benéfica, essa existência é extremamente

facilmente destruída já que ninguém pode prolongar a duração de sua vida nem

restaurar seu princípio vital, as causas de morte são inúmeras e a vida não é estável

nem num único instante.

Lemos na Marcha em Direção ao Despertar:

ʺÉ ingenuidade ficar feliz em pensar,

Que não morreremos hoje,

Pois é certo que esse momento chegará.

Isto é certoʺ

Visto que esta existência é ao mesmo tempo tão útil, tão difícil de ser

encontrada e tão fácil de ser destruída, consideremola como um navio no qual iremos

atravessar o oceano do samsara.

ʺSobre o navio da existência humana,

Podese atravessar o grande rio do sofrimento.

Como vocês terão dificuldades em encontrálo,

Ignorantes que são, quando ele se apresentar, não durmam!ʺ

Ou ainda, consideremos esse corpo humano como um animal de sela e fujamos

o mais rápido possível do perigoso caminho dos sofrimentos do samsara.

ʺSobre o cavalo de uma existência humana pura,

Escapem do desfiladeiro do samsara.ʺ

Ou, ainda, pensemos que nosso corpo é um servo e empreguemolo na prática

do bem.

ʺEste nosso corpo humano

É bom para servir.ʺ

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Os 3 tipos de Fé

Entretanto, para seguir estes conselhos, é necessário ter fé. Sem fé, dizse, nada

pode acontecer de positivo no continuum da mente. O Sutra dos Dez Dharmas esclarece:

ʺOs homens sem fé

Não desenvolvem boas qualidades,

Assim como uma semente queimada

Não germina.ʺ

E o Sutra de Avatamsaka:

ʺOs seres deste mundo que não têm fé

Não podem conhecer o Despertar do Buda.ʺ

Portanto, tenham fé, como a Imensa Manifestação recomenda:

O Buda declarou: ʺ Apliquese na fé, Ananda! É a súplica que o

Tathagata lhe dirige”.

Como descrever a fé? Distinguimos três formas de fé:

1) a fé da confiança

2) a fé da aspiração

3) a fé vasta.

3] A Fé da confiança

Esse tipo de fé se desenvolve sobre o suporte: o tema dos atos e seus frutos, a

verdade do sofrimento e a verdade da origem do sofrimento. É a certeza de que os atos

positivos geram a felicidade no mundo do desejo, que os atos negativos resultam em

sofrimentos neste mesmo mundo, que os atos imutáveis produzem a felicidade nos

dois mundos superiores, e que os atos e as paixõe s(que constituem a origem do

sofrimento) geram os cinco agregados contaminados do sofrimento.

4] A Fé da aspiração

É a fé daquele que, tendo constatado o caráter eminentemente precioso do

Despertar insuperável, deseja percorrer com respeito o caminho para obter o

Despertar.

5] A Fé vasta

Esse tipo de fé tem como objeto as Três Jóias. É um sentimento de interesse, de

respeito e de alegria com relação ao Buda que ensina o caminho, do Dharma que é o

caminho, e a Sangha constituída pelos companheiros na prática do caminho.

Lemos no Abhidharma:

ʺO que é a fé? A fé é uma confiança, um desejo e uma alegria intensa no

pensamento do karma, de seus frutos, da verdade e das Três Jóias.ʺ

E na Guirlanda de Jóias:

ʺAquele que não renuncia ao Dharma

Por desejo, por cólera, por medo,

Ou por ignorância, dizse que tem fé.

Ele é, seguramente, o melhor dos recipientes.ʺ

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Não renunciar ao Dharma por desejo é não abandonálo, mesmo quando nos é

oferecido em contrapartida alimento, dinheiro, mulheres, reinos ou qualquer outro

presente suntuoso.

Não deixar o Dharma por cólera é não abandonálo por causa de um ser que já

nos tenha prejudicado e que nos faça novamente muito mal, da maneira que for.

Não renunciar ao Dharma por medo é não abandonálo mesmo sob a ameaça de

todos os dias termos cinco onças1 de nossa própria carne cortada por cada um de

trezentos guerreiros.

Não renunciar ao Dharma por ignorância é não abandonálo, mesmo quando

nos dizem que o karma, o fruto dos atos, as Três Jóias, tudo isso é falso, que é inútil

praticar o Dharma, e que é melhor renunciálo.

Quem se comporta desse modo nessas quatro situações tem fé e constitui um

excelente recipiente para realizar o bem último.

As três formas de fé advêm de incomensuráveis virtudes: elas permitem gerar a

atitude mental dos seres sublimes, emanciparse dos estados de existência onde não se

goza de nenhuma liberdade, possuir as faculdades sensoriais e mentais aguçadas e

claras, evitar as infrações à disciplina, colocar um fim nas emoções negativas,

preservarse das forças malevolentes, encontrar o caminho da liberação, acumular

imensos méritos, encontrar inúmeros Budas, ser abençoado por eles, e muitas outras

coisas ainda. Os benefícios produzidos por esses três tipos de fé são propriamente

inconcebíveis.

Lemos na Tocha das Três Jóias:

ʺA fé nos Vencedores e no seu Dharma,

A fé na atividade dos Bodhisattvas

E no insuperável Despertar,

É a atitude mental dos grandes seres.ʺ

Além disso, os Budas aparecem e ensinam àqueles que têm fé, como afirma o

Pitaka dos Bodhisattvas:

ʺQuando os bodhisattvas têm fé, os Budas sabem que eles são dignos

recipientes para o ensinamento; eles lhes aparecem e lhes mostram

perfeitamente o caminho dos bodhisattvas.ʺ

Assim, o ser dotado da preciosa existência humana, isto é, dotado de um corpo

que possui as liberdades e as riquezas e uma mente que possui os três tipos de fé,

constitui o “suporte” favorável para a realização do Despertar insuperável.

 
NOTA: "ASSINDADE", DITA PELO TRADUTOR, É A IPSEIDADE, A QUALIDADE DE SER AQUI QUE É.