quarta-feira, 30 de novembro de 2011

MEDITAÇÃO DE VAJRASSÁTUA

PURIFICAÇAO DOS ERROS (Para purificação dos erros na realização do ritual, recite três vezes o mantra de cem sílabas de Vajrasattva:)OM VAJRASATTVA SAMAYÀ MANUPALAYÀ VAJRASATVA TVENOPÀ TISTHA DRIDHO ME BHAVÀ SUTOSYÔ ME BHAVÀ ANURAKTÔ ME BHAVÀ SUPOSYÔ ME BHAVÀ SARVÀ SIDDHIM ME PRAYACCHÁ SARVÁ KARMÀ SUÇÁ MÊ CITTAM SREYAM KURU HUM HA HA HA HA HOH BHAGAVAN SARVÀ TATHÁGATA VAJRÂ MA ME MUNÇÁ VAJRI BHAVA MAHASAMAYA SATTVA AH (Om Vajrasattva guarde minha samaya! Permaneça perto de mim, segure-me, alegre-me, enriqueça-me, seja amoroso para comigo! Conceda-me todos os siddhis! Faça a minha mente gloriosa em todas as atividades! HUM! HA HA HA HOH (simboliza os cinco aspectos de jnana associados com as cinco famílias de buddhas). Abençoado, vajra de todos os tathágatas, não me abandone, transforme-me em vajra! Grande ser de samaya AH!)

domingo, 27 de novembro de 2011

No Ajahn Chah - REFLEXÕES



No Ajahn Chah - REFLEXÕES






No Ajahn Chah - REFLEXÕES



Nascimento e Morte
1
Uma boa prática é pedir com toda a sinceridade: "Por que nasci?" Pergunte a si mesmo durante a manhã, tarde e noite ... todos os dias.
2
Nosso nascimento e morte são uma coisa só. Você não pode ter um sem o outro.
É curioso observar como em face da morte as pessoas são tão chorosas e após a criação tão felizes e alegres. É uma ilusão. Acho que se você realmente quer chorar, seria melhor que fizesse quando alguém nasce. Eu chorei no início, porque se não houvesse nascimento não haveria morte. Consegue entender isso?
3
Você pensa que as pessoas podem ver como é viver no ventre de uma pessoa? Quão desconfortável deve ser! Basta olhar o quão difícil é simplesmente ficar só por um dia. Feche todas as portas e janelas e veja que é sufocante. O que seria a vida no útero de uma pessoa durante nove meses? Você ainda quer enfiar a cabeça ali mesmo, colocar o seu pescoço na forca novamente?
4
Por que nascemos? Nascemos para não ter de nascer de novo.
5
Quando uma morte não compreende a vida pode ser muito confuso.
6
O Buda ensinou seu discípulo Ananda para ver a impermanência, para ver a morte a cada respiração. Sabemos que a morte deve morrer para que possamos viver. O que isso significa? Morrer é chegar ao final de nossas perguntas, todas as nossas perguntas, e apenas estar aqui com a realidade presente. Você nunca pode morrer amanhã; você deve morrer agora. Pode ser feito? Se você puder fazer, você conhece a paz sem mais perguntas.
7
A morte está tão perto quanto nossa respiração.
8
Se você tiver devidamente treinado não sentirá medo quando cair doente, ou chateado quando alguém morre. Quando você vai ao hospital para um tratamento, determine em sua mente que se você melhorar, tudo bem, e se você morrer, tudo bem. Eu garanto que se os médicos me dizem que eu tenho câncer e eu vou morrer em poucos meses, eu me lembro, "Tenha cuidado, porque a morte está chegando para você também. Apenas uma questão de quem vai primeiro e quem mais tarde. "Os médicos não estão indo para curar a morte, nem impedi-lo. Só o Buda foi um tipo de médico, então por que não ir em frente e utilizar o medicamento
Buda?
9
Se você está assustado com a doença, se você tem medo da morte, então você deve
ver de onde vêm. De onde eles vêm? Eles surgem a partir do nascimento. Portanto, não
fique triste quando alguém morre, é apenas a natureza, e o sofrimento nesta vida é mais. Se você se sentir triste, senta-se triste quando as pessoas nascem, "Oh, não, lá vêm eles novamente. Eles vão sofrer e morrer de novo! "
10
"O que sabe" claramente sabe que todos os fenômenos são insubstanciais. Assim
"O que não sabe" não fica feliz nem triste, ele fica por trás das mudanças nas condições.
Ficando feliz é nascido, luto é para morrer. Ter morrido, nascemos de novo; nascendo, morremos novamente. Este nascimento e morte de um momento para Aqui é a roda girar sem fim do samsara.
8
O Corpo
11
Se o corpo pudesse falar o dia todo estaria dizendo, "Você não é meu dono”.  Você sabe. Na verdade é o que estamos dizendo o tempo todo, mas na língua do Dhamma, por isso somos incapazes de compreendê-lo.
12
As condições não nos pertencem. Elas seguem seu próprio curso natural. Nós não podemos
nada sobre a forma do corpo. Podemos embelezar um pouco, fazer a aparência atraente e limpa por um tempo, como as meninas jovens que pintam os lábios e as unhas crescem, mas quando velhas estão todas no mesmo barco. Este é o corpo. Nós não podemos fazer o contrário. No entanto, podemos melhorar e embelezar a mente.
13
Se o nosso corpo realmente pertencesse a nós obedeceria a nossas ordens, se você
dissesse: "Não envelheça" ou "Eu proíbo você ficar doente" vamos obedecer? Não! Ele não
a obedece. Nós apenas alugamos esta "casa", não a possuimos. Se acreditarmos que nos pertence sofreremos quando temos que sair. Mas, na realidade, não existe tal coisa como um eu permanente, não há nada sólido para alterações ou que possamos compreender.

Respiração
14
Algumas pessoas nascem e morrem e nunca estão consciente de sua respiração entrando e saindo de seu corpo. O que mostra o quão longe elas vivem de si mesmos.
15
O tempo presente é a nossa respiração.
16
Você diz que ele está muito ocupado para meditar. Você tem tempo para respirar? A meditação é a sua respiração. Por que tem tempo para respirar, mas não para meditar?
Respirar é algo vital para a vida das pessoas. Se você vir que a prática do Dhamma é vital para sua vida, então você vai sentir a respiração e a prática do Dhamma são igualmente importantes.


O Dhamma
17
O que é Dharma? Não há nada que não o seja.
18
Como o Dhamma ensina a maneira certa de viver? Ele nos mostra como viver. Você tem
muitas maneiras de mostrar, nas rochas, nas árvores ou apenas contra vocês. É um ensinamento, mas não palavras. Mente de modo sereno, coração, e aprender a observar. Você encontrará o Dhamma todo revelando-se aqui e agora. Que outros tempos e lugares vai olhar?
19
Primeiro você entende o Dhamma com seus pensamentos. Se você começar a entender,
vai praticar. E se você pratica, você começará a ver, você está no Dhamma e tem a alegria do Buddha.
20
O Dhamma deve ser encontrado através da análise de seu próprio coração e por
observação do que é verdadeiro e do que não é, o que é equilibrado e não equilibrado.
21
Existe apenas uma verdadeira magia, a magia do Dhamma. Qualquer outra mágica é como a ilusão, um truque de cartas. Ele distrai do jogo real, a nossa relação com a vida, nascimento humano, a morte e a liberdade.
22
Faça o que fizer, faça-o uma prática do Dhamma. Em caso de indisposição,
olhar para dentro. Se você perceber que é errado e ainda o faz, que é impureza.

23
É difícil encontrar aqueles que escutam o Dhamma, que se lembram do Dhamma e
práticam, que atingem o Dhamma ao vê-lo.
24
É tudo Dhamma se estamos plenamente conscientes. Quando vemos animais
fugindo do perigo, que são como nós. Sofrem e fogem para a felicidade. Eles também estão com medo. Eles temem por suas vidas como nós. Quando observados de acordo com a verdade, vemos que animais e seres humanos
não são diferentes. Nós somos todos companheiros de nascimento e envelhecimento,
doença e morte.
25
Além do tempo e lugar, toda a prática do Dhamma alcança seu ponto culminante no ponto onde não há nada. É o lugar de renúncia, o vazio, o lugar onde nós deixamos de ir nossos fardos. Que é o fim.
26
O Dhamma não está longe. Está diretamente conosco. O Dhamma não são anjos no céu ou qualquer coisa assim. É apenas sobre
nós, sobre o que estamos fazendo agora. Nota para si mesmo. Às vezes não há felicidade, às vezes, sofrimento, às vezes bem, às vezes
dor... Este é o Dhamma. Que você vê? Para conhecer este Dhamma, você tem que ler as suas experiências.
27
O Buda queria que nós conectásemos com o Dhamma, mas as pessoas só fazem contato
com palavras, livros e escrituras. Que é para fazer contato com o que é "Sobre" do Dhamma, não o Dhamma "real" como ensinado por nosso grande Mestre. Como as pessoas podem dizer que eles estão praticando adequada, corretamente se eles fazem isso? Eles estão longe disso.
28
Quando você ouvir o Dhamma deve abrir seu coração e alma, no centro. Não tentar recolher o que você ouvir ou fazer um grande esforço para reter o que ouviu na memória. Apenas deixe o fluxo do Dhamma em seu coração manifestar-se, e permanecem continuamente abertos para o fluxo no momento disso. O que está pronto para ser mantido e será, e isso vai ocorrer de acordo com sua vontade própria, não através de um esforço determinado de sua parte.
29
Da mesma forma, ao explicar o Dhamma, para não forçar a si mesmo. Deve acontecer por si só e deve fluir naturalmente a partir do momento
presente e das circunstâncias. As pessoas têm diferentes níveis de capacidade receptiva, e quando você está lá no mesmo nível, ele apenas acontece, o Dhamma, fluxos. O Buda tinha a capacidade de conhecer o temperamento do povo e suas competências receptivas. Ele usou o mesmo método de ensino de forma espontânea. Foi ele quem possuía qualquer poder especial sobre-humano para ensinar, mas foi sensíveis às necessidades espirituais das pessoas que vieram a Ele, e ensinou em conformidade.



Do Coração e da Mente


30


Apenas um livro vale a pena ler: o coração


31


O Buda nos ensinou que qualquer coisa que perturba a mente durante a nossa prática atinge o alvo. As impurezas são preocupantes. É a mente que está em causa! Nós sabemos o que nossas mentes é impurezas. Qualquer coisa que nós não estamos
satisfeito, simplesmente não querem saber nada sobre isso. Nosso modo de vida não é difícil. O que é difícil é não ficar satisfeito, não se harmonizam com ela. Nossas impurezas são tão difíceis.


32


O mundo está em um estado de pressa febril. O sabor muda mente na facilidade com a agitação febril do mundo. Se podemos aprender a acalmar a mente, esta é a maior ajuda para o mundo.


33


Se sua mente está feliz, então você está feliz onde quer que vá. Quando a sabedoria desperta dentro de você, você vai ver a verdade onde quer que olhe, em tudo ali. É como quando você aprendeu a ler, agora você pode ler em qualquer lugar à vontade.


34


Se você é alérgico a um lugar, é alérgico a todos os locais. Mas não é o lugar externo, que está causando problemas. É o "lugar" dentro de você.


35


Preste atenção à sua própria mente. Que traz as coisas, mas apenas as observações. Livrar-se das coisas é liberação e saber com clareza.



36


A mente é inerentemente tranquila. Ansiedade e confusão nascem fora da paz de espírito. Se alguém observa e conhece esta confusão, então a mente se aquieta mais uma vez.


37


Budismo é uma religião do coração. É isso aí. O budismo praticado de coração.


38


Quando a luz é fraca, é fácil ver as teias de aranha nos cantos antigos do quarto. Mas quando a luz é brilhante você pode vê-los claramente e, portanto, pode livrar-se delas. Quando sua mente é brilhante, você pode ver claramente suas impurezas limpas.


39


O fortalecimento da mente não está em movimento daqui para lá como é feito para fortalecer o corpo, mas levando-o a parar, para acalmar.


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Porque as pessoas podem fazer todos os tipos de más ações. Não definida em suas próprias mentes. Quando as pessoas vão fazer algo de ruim têm primeiro de olhar ao redor para ver se alguém está assistindo ", eu vejo a minha mãe?" "Eu vejo o meu marido?" "Eu vejo meus filhos?" "Eu vejo a minha mulher?" Se ninguém
está olhando vai fazê-lo. Isso é um insulto si. Eles dizem que não está assistindo e rapidamente acabar com seus erros antes que alguém os vê. E o que acontece com eles? Eles são um "alguém" olhando?


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Use seu coração para ouvir os ensinamentos, e não seus ouvidos.



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Há aqueles que lutam contra suas impurezas e as conquista. Isso é chamado luta interior. Aqueles que se agarram a lutar com bombas e armas para lutar e atirar. Conquistar e são conquistados. Outros conquistando é o caminho no queo  mundo faz. Na prática, o Dhamma não tem que lutar com os outros, mas para conquistar nossas próprias mentes, resistindo pacientemente a todos os nossos humores.


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De onde a chuva vem? Vem de toda a água suja que evapora da terra, assim como urina e água que você joga depois de lavar os pés. Não é maravilhoso o céu pode ter água suja e transformá-lo em água pura, limpa? Sua mente pode fazer o mesmo com as suas impurezas, se você deixar.


44


O Buda disse a um juiz julgar os outros apenas a si mesmo e não, não importa o quão bom ou ruim para o fazer. O Buda simplesmente aponta o caminho dizendo: "A verdade é assim." Agora, nossa mente é assim ou não?


16


Impermanência


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Existem as condições das mudanças. Você não pode pará-lo. Basta pensar: Você poderia expirar sem inspiração? Isso faz você se sentir bem? Ou apenas pode inalar? Nós queremos que as coisas sejam permanentes, mas que não pode ser. É impossível.


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Se você perceber que todas as coisas são impermanentes, todo o seu pensamento é gradualmente desenvolvido a não pensar muito. Onde quer que surjam tudo e qualquer coisa que você precisa dizer é: "Ah ... de novo!" Apenas isso!


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Qualquer discurso que ignora a incerteza não é o discurso de um sábio.





"Tudo é incerto, não se apegue a nada!"





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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Tulku Pema Wangyal Rinpoché - O CORTADOR DE DIAMANTE (atualizacão diária)



Tulku Pema Wangyal Rinpoché - O CORTADOR DE DIAMANTE

No princípio, é preferível sentarmo-nos para habituarmo-nos a tomar consciência da inclinação da nossa espírito. Quando despejamos água lamacenta num recipiente, é preciso deixar decantar para que ela reencontre a sua limpidez. Estando alguns instantes tranquilos e sem tensões, vemos melhor a nós mesmos. Com tempo, essa faculdade torna-se natural. Consciente sem demora do que se passa no espírito, não nos deixamos mais ser assaltados por sentimentos negativos ou por sonhos inúteis que não se realizam nunca.
É preciso um ambiente especial para fazermos acalmar o nosso espírito e observar a sua atitude? Todos nós sabemos que é muito difícil encontrar um lugar solitário e sagrado. Na realidade, a casa, o escritório ou o carro são também lugares propícios. Onde quer que estejamos, o importante é consagrar alguns minutos a este exercício. Tiraremos proveito dos menores instantes. A calma irá estabelecer-se gradualmente, para tornar-se habitual, depois natural. O exame da motivação faz-se então de maneira espontânea, mesmo em plena actividade, o que é precioso se temos intenção de pisar terrenos férteis em conflitos como o trabalho e a família; aí onde outrora o espírito teria sido solicitado em várias direcções, será mais fácil ficar calmo e construtivo.

POSTURA E RESPIRAÇÃO
Para funcionar, a mente se apoia nas energias mais ou menos perceptíveis que circulam nos canais físicos ou subtis, consoante o caso. No Tibete, nós comparamos a energia a um cavalo selvagem e cego montado por um cavaleiro inteligente mas deficiente... Uma postura correcta mantém os canais direitos e permite que a energia circule livremente e sem choques. Expulsar o ar viciado e desfazer os bloqueios alojados nos canais grosseiros e subtis purifica o corpo e a mente, que reencontram assim um equilíbrio harmonioso.

A postura em sete pontos
A utilidade desta postura é extensamente explicada nos textos sobre os diferentes yogas. Mas sucintamente o objectivo é permitir aos elementos subtis nos diferentes centros do corpo que recuperem o seu equilíbrio.
(1) As pernas na posição de lótus ou de vajra (cruzadas uma sobre a outra) ou na posição dita do bodhisattva (cruzadas uma à frente de outra).
(2) a coluna vertebral mantida direita como uma flecha.
(3) os ombros puxados para trás, «como as asas dum abutre».
(4) as palmas das mãos postas sobre os joelhos; ou ainda, a mão direita repousa dentro da mão esquerda ao nível do umbigo, as palmas viradas para cima com a extremidade dos polegares em contacto;
(5) a língua, nem enrolada nem crispada, repousa confortavelmente contra o palato;
(6) os olhos podem estar abertos ou fechados. No caso presente, deixamo-los numa posição perfeitamente natural, nem fechados, nem abertos demais;
(7) a cabeça não deve pender nem para trás nem para a frente: o pescoço deve estar direito e o queixo ligeiramente para dentro, de forma a manter a coluna direita.

Cada ponto desta postura tem a sua importância. Por exemplo, pousar as palmas das mãos sobre os joelhos, ou pousá-las uma sobre a outra ao nível do umbigo, equilibra as energias físicas e estabiliza a mente. Com efeito, cada um dos principais centros do corpo, ou chakras, está relacionado com um dos cinco elementos: a água, o fogo, a terra, o vento e o espaço (que chamamos por vezes de metal ou madeira). É suficiente tocar em vários sítios do corpo para nos apercebermos de que certas zonas são mais quentes que outras. Isso indica que as energias se parecem consigo mesmas em pontos particulares do corpo.

Expulsar o ar viciado
No exercício que se segue, trata-se de, durante a expiração, expulsar todas as energias perturbadas pelas acções negativas (uma acção pode ser física, verbal ou mental) praticadas sob a influência dos cinco venenos (4). O ar expirado drena também os bloqueios físicos ou mentais que daí resultam, fontes de irritação, de tensões e de reacções agressivas. As cinco «emoções perturbadoras» tornam-se de facto em energia e alteram a saúde, a paz mental e o ambiente circundante.
Adoptem a postura em sete pontos, as palmas das mãos pousadas sobre os joelhos. Apoiem a extremidade do polegar na base do anelar de cada mão, e mantenham uma ligeira pressão, o que terá por efeito converter a energia negativa em energia positiva. Depois, inspirando normalmente, levem a mão direita à cara, tapando a narina esquerda com a extremidade do anelar e expirando pela narina direita, enquanto abrem a mão esquerda pousada sobre o joelho esticando os dedos. Enquanto expiram, considerem que estão a expulsar todas as energias poluídas pelo ódio e pela agressividade. Pensem que libertam assim os bloqueios em todo o corpo, e que todos os nós subtis se desfazem.
Repousar a mão direita sobre o joelho e, durante a inspiração, levantar a mão esquerda. Tapar a narina direita com a extremidade do anelar. Com os polegares pressionando sempre a base dos dois dedos anelares, expirar pela narina esquerda esticando os dedos da mão direita. Ao mesmo tempo, considerem que estão a expulsar as energias adulteradas pelo apego egoísta; pensem que todos os bloqueios físicos e subtis ligados ao desejo, à frustração e à inveja se desfazem. Apegar-se aos seres e às coisas procurando um prazer pessoal e imediato bloqueia a corrente da alegria e da felicidade verdadeiras.
Finalmente, fechem os punhos sobre os polegares, pousem-nos sobre os joelhos e inspirem lentamente, depois expirem com força pelas duas narinas. Abram as duas mãos esticando os dedos. Considerem que expulsam a energia adulterada pela ignorância. Pensem que os bloqueios devidos a conflitos exteriores e interiores causados pela ignorância se dissolvem. A ignorância fundamental mantém-nos num estado de confusão; desorientados, agimos sem compreender realmente os actos, nem mesmo ter uma clara consciência, e isto perturba a circulação da energia.
Estes exercícios podem ser feitos três vezes. No decorrer da primeira série, a expiração far-se-á docemente, enquanto que na segunda, mais profundamente, e para terminar, muito profundamente. Esta técnica de respiração, que acompanha a concentração mental, age de uma maneira subtil e poderosa sobre o espírito, sobre a circulação da energia e sobre o corpo. No fim do exercício, considera-se que os canais subtis estão completamente limpos: tudo se torna perfeitamente límpido e transparente.
NOTA
(4) Os cinco venenos: a ignorância, o apego egoísta, a aversão, a inveja e o orgulho envenenam toda a acção cometida sob a sua influência. A expressão «emoções perturbadoras» é sinónima; é a tradução do termo tibetano nyon mongs, em sânscrito klesha, assim definido no grande dicionário Tsig mdzod chen mo: «Fenómeno mental que, provocando dificuldades afligem o corpo e o espírito, bem como actos nocivos, torna a corrente mental extremamente tormentosa». Apesar do usao da palavra «emoção» seja passível de crítica, porque aqui ele não corresponde sempre perfeitamente àquilo que está abrangido pelo termo nyon mongs, esta expressão está largamente difundida nas traduções francesas de ensinamentos budistas. Por razões de coerência com os textos mais conhecidos, ela é também utilizada aqui, partindo do princípio que o contexto é suficientemente explícito para não gerar confusão.

Alternância de concentração e repouso
Estar fisicamente num lugar tendo o espírito noutro, não é difícil, todos sabemos como isso se faz: a maior parte do tempo o espírito está disperso e galopa em todos os sentidos. Saber centrá-lo e repousar é um verdadeiro trunfo, particularmente num mundo onde projectos e actividades são incessantes. O treino da concentração num ponto é um meio excelente de aí chegar.
No caso presente, a respiração será o objecto da concentração. O exercício consiste em estar atento à respiração durante alguns minutos, o que conduz a um estado de calma. Experimente contar tranquilamente os movimentos da respiração, sem alterar o ritmo natural e sem se distrair um instante sequer, a fim de estar realmente presente, aqui e agora. Uma vez que o espírito fique perfeitamente focado no vaivém da respiração durante sete respirações, será possível prolongar a duração da concentração e contar onze respirações, vinte e uma ou mais.
Duma maneira geral. Respiramos pelo nariz. Quando estamos ao pé do mar, ou na montanha ou num lugar desimpedido em plena natureza, podemos respirar suavemente pela boca, os lábios entreabertos.
É conveniente alternar cada período de concentração com um momento de descanso de duração equivalente ou, sem contar nem se concentrar seja sobre o que for, procura-se ficar simplesmente no aqui e agora. A alternância destas duas fases evitam o defeito de uma grande crispação e permite que a energia se equilibre de uma maneira harmoniosa.
Praticada regularmente, esta técnica traz uma clareza de espírito cada vez mais profunda que acalma o corpo e o espírito. É um treino muito útil, para si mesmo e para todos os seres, Assim que ele for explicado em detalhe no capítulo dedicado à técnica do tonglen, podemos ajudar os seres apoiando-nos na respiração. Quando inspiramos tomamos os seus sofrimentos e quando expiramos deixamos verter sobre eles rios luminosos de compaixão.


AS TRÊS SÍLABAS ADAMANTINAS E AS LUZES
Depois da concentração sobre a respiração, manda a tradição que se concentre sobre as luzes de cor e das sílabas sagradas a fim de desenvolver os diferentes aspectos da sabedoria. Entre todas as cores, retemos cinco: o branco, o vermelho, o azul, o amarelo e o verde. Cada uma delas produz efeitos diferentes sobre os centros e os órgãos do corpo, que por sua vez estão em correspondência com os elementos e as energias. Da mesma maneira os sons Om Ah Hung Svâhâ agem sobre os chakras e sobre as emoções perturbadoras que lhes estão ligadas. Na prática quotidiana, contentamo-nos em utilizar as três cores principais: o branco, o vermelho e o azul, e as três sílabas Om Ah Hung.
Sentados, o corpo ao mesmo tempo direito e livre de toda a tensão, imaginem no espaço à frente um disco luminoso branco, tal como uma lua radiosa e tranquila que se levanta no horizonte. Pensem que esta fonte luminosa contém as bênçãos do corpo, da palavra e do espírito de todos os seres despertos, e se expande em inumeráveis raios irisados.
Se quiserem aguçar as vossas faculdades de concentração, imaginem que o círculo cresce até encher o espaço todo e depois se reduz a um ponto minúsculo de intensa luz branca.
Podem experimentar visualizar a forma luminosa, limpa e transparente de um ser perfeitamente iluminado. Da sua testa, da sua garganta e do seu coração partem alternadamente e depois ao mesmo tempo, brilhantes luzes brancas, vermelhas e azuis que são absorvidos pelos três centros (do corpo: testa, garganta e coração). A luz branca, que penetra pela testa, inunda o corpo, desfaz as energias boqueadas e restabelece o equilíbrio. Ligeiro e livre, um profundo bem-estar invade-nos. Os raios de luz vermelha brilham na garganta do ser desperto e vêm dissolver-se na nossa garganta. Eles purificam os bloqueios e acalmam os desequilíbrios ligados à fala. Depois, emanando do seu coração, uma luz azul vem encher o nosso coração.; essa luz dissolve todos os bloqueios, medos e angústias. A paz estabelece-se em nós.
Durante toda esta visualização, recitem em silêncio ou em voz alta as sílabas do mantra - Om Ah Hung - tantas vezes quanto possível. O som Om ressoa naturalmente no centro da fronte, o som Ah no centro da garganta e o som Hung no centro do coração.
Em resposta à infinita variedade de situações, os seres despertos transmitiram inúmeros mantras. As três sílabas - Om Ah Hung - são alternadamente a fonte e a essência desses mantras. Capazes de desfazer os bloqueios e de transformar as emoções perturbadoras ficando inalteráveis, chamamo-las as três sílabas adamantinas, por analogia com a pedra preciosa e indestrutível que é o diamante.
As práticas que utilizam estas três sílabas são múltiplas. A luz branca está geralmente relacionada com a sílaba Om, a vermelha com a sílaba A e a azul com a sílaba Hung. Podemos utilizar as três sílabas uma a seguir a outra ou em conjunto, mantendo sempre a concentração no disco luminoso. Podemos ainda associá-las aos três movimentos da respiração: Om à inspiração, Ah durante um ligeiro tempo de retenção, Hung à expiração.
Aqueles que quiserem tratar ou curar os outros podem praticar todos os dias a visualização de luzes recitando longamente as três sílabas. Com efeito, trazer uma ajuda eficaz requer muita força e energia. Cultivamo-las recorrendo a esta técnica experimentada que consiste em receber as bênçãos dos seres despertos e em avivar a essência subtil dos elementos; reter o ar e regenerar os elementos internos com A; e expirar com Hung enviando a luz em direcção àqueles a quem procuramos ajudar.
Estas técnicas de meditação sobre um ponto luminoso ou sobre as luzes associadas às sílabas têm variadas aplicações. Quando a prática se relaciona com o corpo, utiliza-se a luz branca. Se queremos antes agir sobre a palavra e a circulação das energias, visualizamos uma cor vermelha como um sol nascente. A cor azul está mais ligada a mente.
As cinco cores são utilizadas para purificar e dissolver os bloqueios que provocam os cinco venenos ou emoções perturbadoras. O branco age sobre a agressividade, o vermelho sobre o apego, o azul sobre a ignorância, o amarelo sobre o orgulho e o verde sobre a inveja.
Logo que aplicadas às atividades, cada cor tem a sua função. O branco pacifica e purifica; o amarelo aumenta (a energia vital, por exemplo); o vermelho controla as forças; o verde estimula a atividade; o azul traz equilíbrio e harmonia.
Visualizar regularmente as sílabas com as suas cores respectivas faz florescer as capacidades auto-curativas: os nós formados nos canais subtis pelos bloqueios de energia desfazem-se e a atenção aos outros aumenta. Isto melhora no princípio a comunicação e, no fim, desenvolve a capacidade de apaziguar e curar o próximo.
As luzes e o mantra têm também uma virtude purificadora, pois eles agem em profundidade para desbloquear e reequilibrar corpo, palavra e espírito. Eles constituem suplementarmente uma protecção muito eficaz contra as substâncias tóxicas. Esta técnica tem ainda outras aplicações, muito numerosas. Um exemplo: temos muito calor? Imaginamos rios de luz refrescante. Temos frio? A luz torna-se num raio de calor agradável que enche o corpo de bem-estar.
No momento de concluir a sessão e de oferecer os méritos, podemos hesitar: mesmo em ausência de toda a distracção, os conflitos interiores podem ter perturbado o curso da meditação. É bem preferível que esta seja harmoniosa. Entretanto, se ela não o foi, o tempo e a energia que a ela foram consagrados guardam sempre o seu valor e merecem ser dedicados. A dedicatória dos méritos preserva as virtudes de uma sessão; eles propagam-se indefinidamente.


REFLEXÃO SOBRE QUATRO TEMAS
De acordo com a tradição, depois de ter aberto a mente com os exercícios precedentes, entregamo-nos numa reflexão sobre os quatro temas que incitam a reencontrar a liberdade intrínseca. Essas reflexões tratam de realidades quotidianas que, geralmente, evitamos ou nos fazem recuar de medo por acordar perguntas destabilizadoras. A tradição budista considera que é preferível olhar estas realidades de frente e utilizar toda a sua força para levar a busca interior tão longe quanto possível. Apresentados brevemente aqui, certos temas voltarão a ser tratados ao longo do nosso estudo.
(1) O Buda e os nossos mestres afirmaram-no: em comparação com outras formas de vida, a vida humana tem um valor particular. Ela torna-se «preciosa» quando aquele que a possui tem as liberdades e as condições favoráveis que, por si, permitem conquistar a liberdade última, para si mesmo e para o bem de todos. (As liberdades e as condições favoráveis serão explicadas em detalhe no capítulo consagrado ao yoga do mestre). Em todos os outros estados de existência, o sofrimento que resulta de actos passados entrava todo o progresso espiritual.
(2) Esta preciosa vida humana, apesar das liberdades e condições favoráveis, continua a ser efémera. A sua duração é forçosamente limitada e o surgimento da morte é totalmente imprevisível. O grande mestre Dilgo Khyentse Rinpoche disse:
"Possamos nós sentir até que ponto a loucura humana se assemelha a um bando de pássaros que se encontra à tardinha em cima de uma árvore; desde que o dia começa a raiar, eles levantam voo e dispersam-se. Tudo será destruído ou dissolvido, como um jarro de barro não cozido sobre o qual deitamos água. Toma consciência de que a morte é não somente certa, mas que ela chega sem avisar, fazendo-nos compreender até que ponto é urgente praticar a via espiritual. É insensato crer que teremos tempo livre para praticar mais tarde! Não percamos tempo, todas as actividades desta vida são fúteis. Pensem no ditado: As actividades, como jogos de crianças, não acabam por si só; tal é a sua natureza: eles param quando as abandonamos".

(3) O terceiro tema refere-se à necessidade de conhecer a natureza das acções e dos seus efeitos para compreender a importância de uma atenção constante. «Acção», ou «acto», cobre neste contexto todas as acções, sejam elas físicas, verbais ou mentais. Cada acção chama uma «reacção»: feliz no caso de um acto altruísta, dolorosa no caso de um acto negativo. Ninguém deseja o sofrimento; a solução passa pelo abandono de comportamentos que o produzem e a procura de comportamentos que dão resultados positivos.
(4) O quarto tema de reflexão refere-se às experiências resultantes dos actos. Os nossos actos passados condicionam também as diferentes dimensões onde se apresentam os fenómenos de que nos apercebemos (6) da vida presente e das existências seguintes. Nesta vida, certos acontecimentos ou fenómenos são compreendidos como positivos, outros como negativos. Os primeiros resultam de actos positivos, enquanto que as circunstâncias desagradáveis provêm de actos negativos. A multitude de acções sustentadas pelas emoções perturbadoras criam espécies de campos de energia subtil. É a partir daí que os fenómenos se podem manifestar desta ou daquela maneira. Uma predominância negativa, por exemplo, produz dimensões onde os fenómenos parecem desagradáveis ou assustadores. Tudo isto confirma que os diferentes estados de existência no qual os seres são levados a nascer são determinados pelas suas próprias acções . (Os seis estados de existência serão abordados mais em detalhe no capítulo consagrado ao yoga do mestre, a propósito das liberdades e das condições favoráveis).

Como é isto possível? Cada ser, desde que passe por experiências desagradáveis, guarda a marca disso na sua consciência fundamental, um estado de consciência muito subtil que é a base de outras formas de consciência. De resto, toda a acção ou situação vivida, seja ela positiva, negativa ou neutra, é registada nessa consciência fundamental. Quando o espírito está livre de tensões, ou quando a energia subtil circula livremente no corpo, como no decurso do sonho por exemplo, as percepções, os sonhos ou pesadelos inesperados podem surgir: são as impressões acumuladas na consciência fundamental de cada um que produz esta infinita variedade de percepções imprevisíveis.
Os sonhos não são os únicos que se formam desta maneira, todas as experiências vividas na vida presente estão condicionadas pelos nossos actos passados. Os actos presentes irão condicionar as nossas percepções futuras.
O resultado de uma acção depende parcialmente da intenção que a motiva, e depende por outro lado também da intensidade do sentimento que a impregna. Uma acção motivada por uma intenção muito positiva e executada alegremente com o corpo e o espírito, trará rapidamente um resultado feliz. Um acto violento cometido sob a influência da agressividade amadurece rapidamente também mas trará como consequência um grande sofrimento.
Isso não é todavia sempre o caso, pois os resultados das acções não são necessariamente visíveis de imediato. Estaremos assim inclinados a pensar que a lei da causa e do efeito não se verifica. Na realidade, é possível que as reacções não se produzam senão em vidas ulteriores. É interessante notar também que uma só acção pode engendrar um ou vários efeitos. Um só acto inspirado pelo desejo de ajudar todos os seres e executado com uma alegria sincera produz frutos positivos inconcebíveis e inesgotáveis. Lamentar ter agido com bondade atrasa os efeitos felizes de um acto positivo, sobretudo se ele não foi dedicado. Lamentar sinceramente um acto nocivo pode anular o resultado. É por vezes possível contrabalançar um acto negativo com um acto positivo.
Os quatro temas servem para demonstrar a urgência de procurar a liberdade última. Mas ainda é preciso saber do que temos que abrir mão a fim de conseguir essa liberdade... Nós somos todos detentores da essência fundamental da liberdade. Nem num só momento este estado de iluminação esteve separado de nós: ele pertence a cada um de nós de maneira intrínseca. Por isso, no plano relativo, os véus mentais impedem-nos de o reconhecer. Esses véus, em número de vinte e quatro mil, conduzem a cinco tipos que correspondem aos cinco principais venenos já mencionados, e dos quais três são facilmente reconhecidos: a aversão, que abrange todos os aspectos do ódio e da cólera; o apego egoísta com o seu cortejo de desejos e paixões; a ignorância, ou confusão mental. Os dois outros, o orgulho e a inveja (ou desejo), são por vezes mais difíceis de serem distinguidos.
As cinco emoções perturbadoras tecem permanentemente véus que impedem de reconhecer a liberdade e a paz fundamentais. É por isso que, qualquer que seja o seu nível, todas as técnicas de meditação, e em particular as cinco práticas preliminares que vamos abordar, servem para mostrar como é possível trabalhar com os cinco venenos de maneira a libertá-los no estado de sabedoria.