quarta-feira, 25 de maio de 2016

Patrul Rinpoche (1808-1887) CONSELHOS PARA MIM MESMO



Patrul Rinpoche (1808-1887) 

Conselhos de mim para mim mesmo  

Vajrasattva, única deidade, Mestre, 
 Tu sentas-te num trono de lótus, de luz branca de lua cheia, 
 No desabrochar de cem pétalas, pleno de juventude. 

 Pensa em mim, Vajrasattva, 
 Tu que te manténs equânime dentro do universo manifestado; 
 Isto é Mahamudra, benção do pleno vazio. 

 Ouve lá, oh Patrul de mau carma, 
 Praticante da distracção. 

 Há eras que tu estás 
 Apanhado, entranhado e iludido pelas aparências. 
 Estás consciente disso? Estás? 

 Neste preciso momento, em que estás 
 Debaixo da magia da percepção errónea 
 Tens que ter atenção. 
 Não te deixes levar por esta vida vazia e falsa. 

 A tua mente devaneia 
 Tentando levar a cabo projectos sem utilidade: 
 É uma perda de tempo! Desiste! 

 Pensando sobre centenas de planos que queres executar, 
 Sem nunca ter tempo de os acabar, 
 Só sobrecarregas a tua mente. 

 Estás completamente distraído 
 Por todos esses projectos, que nunca mais acabam, 
 Mas que continuam a aparecer, como correntes de água. 

 Não sejas tolo, ao menos por uma vez: 
 Senta-te, simplesmente. 

 Ouvindo os ensinamentos, e tu já ouviste centenas deles, 
 Mas não tendo atingido o sentido profundo de nenhum deles, 
 Qual é o sentido de ouvir mais? 

 Reflectindo sobre os ensinamentos, mesmo tendo-os escutado, 
 Se eles não te vêm à mente quando são precisos, 
 Qual o sentido de mais reflexão? 
 Nenhum. 

 Meditando sobre o ensinamento, 
 Se a tua prática de meditação ainda não curou 
 Os estados obscuros da mente: 
 Esquece-a! 

 Já somaste quantos mantras fizeste 
 Sem ter conseguido a visualização do kyerim? 
 Podes ter conseguido as formas de deidades belas e claras 
 Mas não estás a pôr fim ao sujeito e ao objecto. 
 Podes catalogar o que aparece como sendo espíritos maus e fantasmas, 
 Mas não estás a treinar o fluxo da tua própria mente. 

 Sobre as tuas óptimas quatro sessões de prática de sadhana, 
 Tão meticulosamente arranjadas: 
 Esquece-as! 

 Quando estás com boa disposição, 
 A tua prática parece ter imensa claridade; 
 Mas não te podes relaxar nela. 
 Quando estás deprimido, 
 A tua prática é bastante estável, 
 Mas não tem qualquer brilho. 
 Quanto à compreensão, 
 Tentas forçar-te a um estado semelhante a rigpa, 
 Como se estivesses a atirar a um alvo! 

 Quando essas posições de yoga e práticas mantém a 
 tua mente estável, 
 Só à custa de a manterem estrangulada: 
 Esquece-as! 

 Dar altas conferências 
 Não faz nenhum bem ao fluxo da tua mente. 
 O caminho da razão analítica é preciso e acutilante: 
 Mas é mais desilusão, caca imprestável. 
 As instruções orais podem ser muito profundas, 
 Mas não se tu não as puseres em prática. 

 Ler e reler os textos do dharma 
 Só serve para ocupar a tua mente e fazer arder os olhos: 
 Esquece-os! 

 Bates o teu pequeno tambor damaru - ting, ting - 
 E a tua audiência fica deliciada a ouvi-lo. 
 Recitas palavras acerca de oferecer o teu corpo, 
 Mas ainda estás ternamente agarrado a ele. 
 Bates os teus pequenos cimbales -cling, cling - 
 Sem ter o propósito último na tua mente. 

 A todo este equipamento de prática do dharma, 
 Que parece tão atraente: 
 Esquece-o! 

 Neste momento, os estudantes estão todos a estudar arduamente, 
 Mas no fim não vão conseguir manter o ensinamento... 

 Hoje, parecem ter apanhado a ideia, 
 Mas, mais tarde, nem um rasto dela fica. 
 Mesmo se um deles conseguir apreender um pouco, 
 Raramente aplica o apreendido à sua própria conduta. 

 A todas estas elegantes disciplinas do dharma: 
 Esquece-as! 

 Este ano ele realmente preocupa-se contigo, 
 Para o ano já não será assim. 
 A princípio parece modesto; 
 Depois exalta-se e fica pomposo. 
 Quanto mais to o apaparicas e cuidas dele, 
 Mais ele se distancia de ti. 

 A estes queridos amigos 
 Que mostram faces tão sorridentes ao princípio: 
 Esquece-os! 

 O sorriso dela parece tão cheio de alegria, 
 Mas quem sabe se será realmente assim? 
 Por um momento de puro prazer, 
 São nove meses de dor mental. 
 Pode ser bom durante um mês, 
 Mas, mais cedo ou mais tarde, vai haver sarilho. 

 Às pessoas a chatearem-te, à tua mente embrulhada, 
 À senhora tua amiga: 
 Esquece-os! 

 Essas reuniões, sem fim, de conversa 
 São só apego e aversão: 
 É mais caca, sem utilidade. 
 Na altura parece um entretimento maravilhoso, 
 Mas, na realidade, só se está a espalhar histórias sobre os erros de outras pessoas. 
 A tua audiência parece estar a escutar polidamente, 
 Mas depois vão ficando embaraçados por ti. 

 Fala sem utilidade, que só te faz ficar com sede: 
 Esquece-a! 

 Dar lições sobre textos de meditação 
 Sem tu próprio teres ganho 
 Experiência pela prática, 
 É como recitar um manual de dança 
 E pensar que é o mesmo que, realmente, dançar. 

 As pessoas podem escutar-te com devoção, 
 Mas não é o mesmo que a coisa real. 

 Mais tarde ou mais cedo, quando as tuas próprias acções 
 Contradisserem os ensinamentos, vais sentir-te envergonhado. 

 Pronunciar só as palavras, 
 Dar explicações do dharma que soam tão eloquentes: 
 Esquece! 

 Quando não tens um texto a que te agarrar, anseias por ele; 
 Quando, finalmente, o obténs, mal olhas para ele... 

 Mesmo que o número de páginas seja pequeno, 
 É-te difícil arranjar tempo para as copiar todas. 
 Mesmo que tu copiasses todos os textos de dharma que existem, 
 Não ficarias satisfeito. 

 Copiar textos é uma perda de tempo 
 (a menos que recebas pagamento por isso...): 
 Portanto, esquece! 

 Hoje estão felizes; 
 Amanhã, furiosas. 
 Com os seus momentos altos e baixos, 
 As pessoas nunca estão satisfeitas. 
 Mesmo que sejam simpáticas, 
 Podem não te acorrer quando tu necessitas delas, 
 Desapontando-te ainda mais. 

 A toda essa polidez, a cultivar 
 Comportamento cortês: 
 Esquece-a! 

 Trabalho mundano e religioso 
 Pertence à esfera dos polidos. 
 Patrul, meu amigo, não é para ti! 

 Nunca repararam no que acontece sempre? 
 A um velho boi, depois de todo o trabalho de o pedir emprestado para ele prestar os seus serviços, 
 Parece não ter restado nenhum desejo, 
 Excepto para adormecer. 

 Sê também assim - sem desejo. 

 Somente dorme, come, mija e caga. 
 Não há mais nada que se tenha que fazer nesta vida. 

 Não te envolvas noutras coisas: 
 Elas não são o objectivo. 

 Mantêm um perfil comedido, 
 Dorme. 

 Neste triplo universo 
 Quando tu és mais modesto que a tua companhia 
 Deves tomar o assento mais baixo. 

 Se acontecer que tu sejas aquele que é superior, 
 Não fiques arrogante. 

 Não existe nenhuma necessidade absoluta de ter amigos íntimos; 
 Ficas melhor mantendo-te contigo mesmo. 

 Se não tiveres nenhuma obrigação mundana ou religiosa, 
 Não fiques a desejar obter uma! 

 Se deixares ir tudo, 
 Tudo, tudo... 

 Esse é o verdadeiro objectivo! 



Estes conselhos foram escritos pelo praticante Trime Lodro (Patrul Rinpoche) para o seu amigo íntimo Ahu Shri (Patrul Rinpoche), especificamente talhados para as suas capacidades. 

 Estes conselhos devem ser postos em prática. 

 Mesmo que tu não saibas praticar, deixa ir tudo - é o que eu realmente quero dizer. Mesmo que não sejas capaz de ser bem sucedido na tua prática do dharma, não fiques triste nem zangado. 

 Possa isto ser virtuoso. 

Patrul Rinpoche (1808 - 1887) foi o mestre viajante de Dzogchen do Tibete Oriental do virar do século, amado pelo povo. Ficou conhecido como o vagabundo iluminado. 

 Tradução de Constance Wilkinson (para o inglês). 

 Muitas questões acerca do texto foram clarificadas pelas extremamente simpáticas explicações do Chogyal Namkhai Norbu Rinpoche, durante a sua estadia em Nova Iorque, e de acordo com as explicações detalhadas de Khenpo, Rigdzin Dorje do Nyingmapa Shedra, Bansbari, Kathmandu, Nepal. 

 Obrigado a Matthieu Ricard do Shechen Tennyi Dargyeling, e a Anne Burchardi do Marpa Institute of Translation pelos seus conselhos de modo a tornar esta tradução fiel quer à letra quer ao espírito do original Tibetano. 

 Todos os erros e interpretações incorrectas são do tradutor. Possa este poema, apesar das limitações da sua tradução, servir para benefício dos seres. 

 Bem hajam todos. 


 Vajrasattva 

Sealevel | SiteCare™   2007-06-30  




quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Prática do Grande Compassivo





Prática do Grande Compassivo 
de seis sílabas 
O método de realização que conduz as bênçãos 
Por Tsultrim Zangpô 
Cujo contínuo mental é uno com o iogue 
Thangtong Gyalpo

Prática do Grande Compassivo 
de seis sílabas 
O método de realização que conduz as bênçãos 
  
1. 
Eu me prosterno ao grande Senhor da Compaixão. 
OM MANI PEME HUNG (1) 
Eu tomo refúgio no protetor Chenrezig 
Pela salvação dos seis tipos de mães transmigradoras(2)  eu gero a mente de iluminação 
e medito no amor, compaixão, alegria e equanimidade 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
[Repita a prática acima três vezes até aqui] 
2. 
De dentro do mágico aparecimento da clara esfera da concentração 
aparece a nuvem de oferecimentos de Samantabhadra(3) 
invade a esfera do espaço sem interrupção 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
3. 
Da vacuidade de todos os fenômenos 
todos os sítios se tornam perfeitamente limpos 
como a celestial mansão do espaço da montanha do Potala 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
 4. 
No centro eu apareço como Chenrezig 
O corpo é branco e claro, emite cem mil raios de luz 
com as marcas e signos, pacífico, sorridente, tem uma expressão encantadora 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
5. 
A face de Chenrezig é o Dharmakaya 
uma única "thigle" se enrola para cima(4) 
Seus olhos - o método e a sabedoria - estão apertados de compaixão e olham 
Suas mãos - os quatro incomensuráveis - são macias e bondosas 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
6. 
Seus dois braços-raiz estão no coração no mudra da prosternação 
o outro braço direito segura um rosário de cristal 
o outro braço esquerdo segura um lótus branco 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
7. 
Parte de seus cabelos azuis-escuros estão amarrados em coque na coroa da cabeça 
e outra parte cai em tranças 
Sua coroa está marcada com uma flamejante jóia 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
8. 
Ele está adornado com um diadema, vestes e estolas de diferentes sedas 
e todos os ornamentos de variadas jóias 
uma pele de antílope cobre seu ombro esquerdo 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
9. 
Em cada poro de seu corpo se encontram 
inúmeros campos e reinos 
que são as moradas dos Budas e Bodissátuas 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
10. 
Sua fala concentra todos os sons dos mundos internos e externos e de seus habitantes 
A bênção do mantra de seis sílabas 
Libera com ver-se, ouvir-se, lembrar-se e tocá-lo 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
11. 
Sua mente, enquanto imutável em vacuidade 
através de sua radiação, de sua inconcebível grande compaixão 
considera todos os seis tipos de mães transmigradoras como suas 
filhas 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
12. 
Ele está sentado sobre um lótus branco e um assento de lua cheia 
com suas pernas na postura vajra 
invade todas as direções o brilho de sua aparência 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
13. 
Seus três lugares(5) estão marcados com o branco OM, o vermelho AH e o azul HUNG, letras que brilham claramente 
significando que é completo com a essência dos três vajras 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
14. 
Desde o ponto vital de seu radiante coração emanam raios 
através dos quais os seres de sabedoria descem como chuva 
e se tornam inseparáveis do samaya mudra 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
15. 
Outra vez raios se irradiam e invocam as deidades da transmissão de poder 
e esta transmissão se realiza: - as obscuridades são purificadas; as qualidades se tornam plenas 
o magnífico Buddha da Ilimitável Radiação(6)  adorna a minha cabeça 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
16. 
Ele em geral ama a todos os seis tipos de seres transmigrantes como seus filhos 
mas especialmente no que concerne aos transmigrantes da Terra das Neves 
Para o sábio Chenrezig eu me prosterno 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
17. 
Ofereço um oceano de incontaminadas nuvens de oferecimento 
Cuja causa é  esta apresentação real 
e suas condições são as manifestações derivadas da concentração 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
18. 
Ele possui o supremo método e sabedoria 
e inconcebíveis qualidades de magnificente sabedoria 
Respeitosamente rezo ao sábio Chenrezig 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
19. 
No seu coração está um lótus branco de seis pétalas; no seu centro a sílaba HRI(7) 
Todas as pétalas estão marcadas com as seis sílabas 
o mantra ressoa com seu som próprio e emite raios 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
20. 
Movidos pelas condições do recitativo 
a luz da sílaba HRI faz oferecimentos aos seres árias(8) 
cujas bênçãos retornam e são absorvidas em mim. 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (500x) 
21. 
O branco OM se dirige ao reinos dos deuses 
a mente orgulhosa e o sofrimento de transmigração e queda é purificado 
seu verdadeiro sentido - a Sabedoria da Equalização - torna-se manifesto 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (100x) 
22. 
O verde MA se dirige ao reino dos semi-deuses 
a mente invejosa e o sofrimento da luta é purificado 
seu verdadeiro sentido - a Sabedoria Realizada - torna-se manifesta 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (100x) 
23. 
O amarelo NI se dirige ao reino dos humanos 
a mente duvidosa e o sofrimento de estar ocupado e pobre é purificado 
seu verdadeiro sentido - a Sabedoria Auto-nascida - torna-se manifesta 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (100x) 
24. 
O azul PÊ se dirige ao reino animal 
a mente fechada e o sofrimento da estupidez é purificado 
seu verdadeiro sentido - a Sabedoria da Esfera do Dharma - torna-se manifesta 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (100x) 
25. 
O vermelho ME se dirige ao reino dos espíritos famintos 
a mente desejosa e o sofrimento de fome e sede é purificado 
seu verdadeiro sentido - a Sabedoria da Discriminação - torna-se manifesta 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (100x) 
26. 
O azul-escuro HUNG se dirige ao reino dos infernos 
a mente do ódio e o sofrimento do calor e do frio é purificado 
seu verdadeiro sentido - a Sabedoria que é como Espelho - torna-se manifesta 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (100x) 
27. 
As formas e aparência dos três reinos são Chenrezig 
todos os sons manifestos são o som de seu próprio mantra 
o apego e o apegado - memória e conceitos - são da natureza da clara luz 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (1000x) 
(Depois de recitar o mantra no mínimo mil vezes, recite o mantra de cem sílabas: Om padma sotto samaya...(9)  Depois recite três vezes as vogais e consoantes para a bênção da fala,(10) faça oferecimentos e reze a Chenrezig:) 
28. 
Oh Cherenzig, protetor das montanhas nevadas 
por causa da minha prece pense nos seus filhos com amor 
e conceda suas bênçãos no nosso contínuo mental 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
29. 
Todas as aparências manifestas se dissolvem na esfera da clara luz 
sua base é a incessante mente primordial - mahamudra 
o caminho é a não-atividade contemplando a verdadeira face do Árya 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
30. 
Do espaço da vacuidade que tudo compõe 
outra vez o corpo do Árya se manifesta como o caminho 
atraído pela ação de amor e compaixão pela salvação dos transmigrantes 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
31. 
Na base desta meditação e recitativo 
e pela força da virtude acumulada nos três tempos 
que eu recupere os seis tipos de mães transmigradoras para fora do abismo do samsara 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
32. 
Logo que a visão desta vida for deixada para trás 
rapidamente nascido no Paraíso da Grande Bênção do Oeste 
que eu rápido atinja o estado de iluminação 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
33. 
Pela bênção do protetor Chenrezig 
a real essência dos Três Sublimes Refúgios 
que todas as direções e tempos sejam felizes e prósperos 
Rezo para a grande deidade compassiva 
OM MANI PEME HUNG (21x) 
  
(Desta forma medite no sentido desses versos. Entre eles recite o mantra de seis sílabas cem vezes ou mais, tomado de clara concentração. Se realizar tal prática diariamente  sem interrupção irá indubitavelmente realizar o propósito e logo que aconteça a morte tomará renascimento no Paraíso da Grande Bênção do Oeste. Essa prática acima nasceu do praticante secreto  e supremo realizador Tsultrim Zangpô, cujo contínuo mental é um com o iogue Thangtong Gyalpo, em Guge (acima de Ngari). Ainda que ele permanecesse centro e trinta anos no reino humano seu corpo não se tornava envelhecido nem decadente mas permanecia em condições perfeitas e finalmente se dissolveu numa grande massa de luz). 
Traduzido por Gelongma Jampa Chokyi, 1988. 
Publicado por Lawudo Gompa, 1989. 
[Trad. e notas em português por R. Samuel, 1999]. 
Esta tradução é mais uma realização de SAKYA KUN KHIAB CHÖ LING. Que pela realização desses méritos nosso Centro prospere na prática e difusão do Dharma. 
NOTAS: 
l- OM MANI PADMA HUNG. 
2- Os seis reinos do samsara: deuses; semi-deuses;  humanos; animais; espíritos famintos; infernos. 
3- Bodissatua famoso por seus oferecimentos; também Buddha. 
4- Espécie de "gota" na testa. 
5- Testa, garganta e coração. 
6- Amitabha. 
7- Pronuncia-se "Shri". 
8- Iluminados. 
9- OM VAJRASATTVA SAMAYA MANUPALAYÀ VAJRASATVA TVENOPA TISTHA DRIDHO ME BHAVA SUTOSYO ME BHAVA ANURAKTÔ ME BHAVÀ SUPOSYO ME BHAVÀ SARVÀ 
SIDDHIM ME PRAYACCHÁ SARVA KARMÀ SUCA ME CITTAM SREYAM KURU HUM HA HA HA HA HOH BHAGAVAN SARVÀ TATHAGATA VAJRÂ MA ME MUNÇA VAJRI BHAVA MAHASAMAYASATTVA AH (Vajra mantra da Tradição Sakya, um pouco diferente das outras tradições). 
10- São as vogais e consoantes da língua tibetana, cujos sons são impossíveis de transliterar aqui.